A importância da modelagem na confecção

A modelagem em uma confecção é tudo. É preciso o molde para produzir a peça piloto e esta aprovada, começa o ciclo de produção. Quantas vezes nos deparamos com roupas lindas, lavagem maravilhosa, porém, para surpresa de todos não se consegue vender o que foi programado,simplesmente porque não está vestindo bem?


O problema é o terror de todo confeccionista: a modelagem! E o pior é que encontrar um bom modelista é como achar agulha no palheiro, em qualquer empresa estão sempre à procura de um. Apesar de ser uma área de fundamental importância na confecção, a modelagem muitas vezes não é muito valorizada, porém, para a felicidade dos modelistas, os confeccionistas estão acordando para importância do setor na cadeia produtiva do vestuário. Afinal de contas, enquanto a roupa está no desenho (croqui) tudo é possível, mas quando este desenho entra no setor da modelagem, tudo muda.

É preciso muito conhecimento para viabilizar o desenho em uma roupa, é preciso também ser um profissional atualizado nas tendências defit, volume, novo tecido e comportamento. Para isso, é muito importante a participação do estilista na modelagem, informando, mostrando,participando com o modelista, as novas tendências em forma de vídeos, revistas, fotos, desfiles, e até mesmo com amostras trazidas das viagens feitas para pesquisas, enfim, ter acesso a todo o material de pesquisa, temas da próxima coleção etc. Este é o primeiro passo antes de começar uma coleção.

O segundo passo é ter em mãos amostras de todos os tecidos que serão usados na próxima coleção, com a finalidade de estudar o comportamento:movimento, encolhimento, estiramento, estabilidade, costurabilidade, caimento etc.; pois, com essas informações, é possível se modelar com mais segurança. Aliás, todos os tecidos, forros, aviamentos, acabamentos, construções lavagens etc. devem ser estudados e testados para não se ter surpresas desagradáveis no decorrer da produção ou até mesmo após as vendas.

O desenho deve ser acompanhado de ficha técnica, com toda informação necessária para modelagem e pilotagem executarem seus trabalhos sem dúvidas e sem erros. Os departamentos de modelagem e pilotagem devem ser vistos como um laboratório de estudos e pesquisas. O modelista só começa a trabalhar com todas as informações em mãos: tendências de fit, desenho, ficha técnica, tecidos, lavagens e aviamentos.

As responsabilidades do modelista são muitas: a leitura e a interpretação do desenho para o molde devem ser cuidadosas. Construir uma base visando a tendência de fit e conceito de moda, sem esquecer que o molde deve estar adequado ao corpo (colocando os volumes no lugar certo, evitando os bigodes e culotes, mas principalmente, transmitindo conforto e segurança para o consumidor). Transformar a base em modelo (desenho/croqui), visando:produtividade, qualidade, e principalmente criatividade, aproveitando recursos para dar ênfase a determinado movimento do molde.

O modelo e a modelagem devem estar adequados ao tecido: comportamento, elasticidade, movimento, encolhimento, lavagem e rigidez. Criar a tabela de medidas de acordo com o comportamento de tecido, contendo as medidas anteriores e posteriores à lavagem para controlar melhor a produção e a peça piloto.

O modelista deve ter noção básica de todos os setores de uma confecção, entendendo que seu trabalho está diretamente ligado a vários setores. Acompanhar a prova da peça piloto é de fundamental importância para marcar devidamente os defeitos. Identificar a origem do defeito, se faz parte da modelagem ou se foi provocado por outro motivo: corte, costura encolhimento, regulagem do ponto de costura etc. Saber corrigir osdefeitos de molde: bigodes, gancho, culotes, adequação de medidas etc. Ampliar e reduzir, criando a grade completa, sem deformar o molde. Ter noções de lavanderia, pois a cada nova lavagem lançada no mercado é um novo enigma para o modelista, a lavagem tem influência direta no comportamento do tecido: encolhimento, estiramento, movimento etc.

O modelista deve se aperfeiçoar continuamente para conseguir atender um mercado cada vez mais veloz e exigente. Dependendo do mercado em que está atuando, o modelista deve estar preparado para novos desafios como modelagem de tamanhos especiais, ou portadores de necessidades especiais.É preciso ter a noção exata da importância do modelista. Quem já passou por isso sabe que a falta de concentração neste setor, pode gerar erros e com isso prejuízos irreparáveis na produção, gerando conseqüências graves, como por exemplo, a insatisfação do cliente.Entender e ajudar a solucionar suas dificuldades, para garantir o sucesso deste departamento, investindo em treinamento e facilitando pesquisas e testes de novos produtos diretamente na linha de produção ou lavanderia.

Muitas vezes as informações do desenho/ficha técnica são contraditórias, criando problemas de interpretação e alterações feitas de última hora, como mudança de tecido e/ou de lavagem, o que requer novo estudo ou novo piloto, pois está diretamente ligado ao encolhimento e, por isso, modifica as medidas finais da peça.

O pior não é a alteração de tecido/lavagem e a falta de tempo para refazer os testes, muitas vezes o modelista é obrigado a liberar este problema direto para produção, contando apenas com ajuda do seu Anjo da Guarda! É claro que, muitos dos testes mencionados acima fazem parte da engenharia de produto, porém, podemos contar nos dedos de apenas uma mão, as fábricas que contam com este profissional. Portanto, a pessoa que mais se aproxima em condições técnicas para isso é o modelista. Na ausência da engenharia de produto, cabe ao modelista com a ajuda do encarregado da produção determinar de que forma será produzido cada modelo da coleção.

Não podemos esquecer que mesmo fazendo todos os testes ainda se corre o risco de acontecer acidentes na produção, pois os testes feitos em pilotos não são tão seguros, pois não sofrem a mesma agressividade da produção. Quando se trata de modelagem para confecção de roupas para exportação, a situação fica ainda mais delicada, pois é preciso atentar aos mínimos detalhes e as medidas são ainda mais rigorosas. E para garantir as medidas é preciso manter o canal muito forte com a produção e o controle de qualidade, orientando e ajudando nos processos de corte, costura, lavanderia, acabamento e embalagem.
Texto de Jacqueline Alves
Colunista do Profissão moda

3a. edição do Moda Íntima Ceará

As roupas de baixo já tem data certa para desfilar na passarela. Nos dias 7, 8 e 9 de junho de 2009, no Centro de Convenções de Fortaleza. Um evento que reúne os fabricantes de lingerie do Ceará em um momento glamuroso.
Neste ano, serão 12 empresas desfilando no Centro de Convenções, com uma estimativa de público de quase 10.000 pessoas nos três dias de evento.
A lingerie cearense é uma das melhores do país e o Estado representa um dos maiores produtores nacionais, produzindo por ano cerca de 13, 8 milhões de peças.

Para saber mais:
www.modaintimaceara.com.br (site oficial do evento)
Fotos: 2a. edição do evento e backstage por Patrícia Paes